Jiu-Jitsu and Motherhood
Desde quando comecei a treinar sempre tive como objetivo um sonho: ser campeã mundial faixa-preta adulto. Sabia que o caminho não seria fácil, e confesso que peguei o caminho mais longo e o considero hoje o mais belo.
O ano de 2017 foi surpreendentemente incrível, havia concluído a faculdade há 1 ano, estava graduada faixa-roxa e já havia ganhado alguns campeonatos na faixa. Um aluno me perguntou sobre patrocínios e confessei que sempre tive muito receio, pois me sentia muito pressionada quando havia alguém me patrocinando, recebi total apoio e incentivo para realizar um pedido a uma grande e incrível empresa. E surpreendentemente, meu pedido de patrocínio foi aceito, algo nunca imaginado antes, eu poderia finalmente viver como atleta. Foi uma bênção inimaginável, em outubro quando recebi meu primeiro depósito, adivinhem? Também recebi meu resultado positivo para gravidez. E agora?
Meu primeiro pensamento e atitude foi notificar meu patrocinador, cancelamos o contrato e comecei minha trajetória Mamãe Bjj...
Após ter conseguido o patrocínio, vi uma luz se abrir e pensei que tudo seria muito simples, faria o melhor para ter um parto normal e poder voltar o quanto antes a minha rotina de treinos e competições. Mãe de primeira viagem, nem se quer imaginava os desafios da maternidade... Realmente, consegui treinar durante a gestação, tive o parto normal, mas o retorno... o retorno é desfio constante.
Quando um bebê nasce, nasce uma mãe, capaz de fazer de tudo por aquela vida, inclusive mudar todos os seus planos pessoais, profissionais, e então minha dedicação foi toda para a minha maior benção. Com a amamentação em livre demanda, os treinos ficaram cada vez mais curtos, acho q se somar todo o tempo que passei de kimono não somam 3 treinos antes dos 6 meses da bebe.
Ao iniciar a introdução alimentar, comecei a experimentar deixar a filhota com a vovó nessa 1 horinha de treino, e adivinhem?
No meu segundo treino completo pós maternidade quebrei o braço lutando. Uma chuva de desafios e frustrações, confesso que pensei muitas vezes em nunca mais vestir um kimono, tentando colocar na balança até que ponto estaria disposta a lutar pelo meu sonho e se isso era realmente importante pra mim. Após me recuperar, a bebe já estava com pouco mais de um aninho e frequentando a escolinha, consegui finalmente entrar novamente no ritmo, que durou muito pouco até começar a pandemia.
Em todo esse período e fases, pude perceber o quão grande são os planos de Deus em nossa vida, nem sempre aquilo que sonhamos vai realmente se concretizar, e nem por isso nossa vida deixará de ser maravilhosa. Não sei se conseguirei chegar a faixa preta antes de ser master, e nem por isso irei me decepcionar, há pessoas que descobriram o Jiu já sendo master e nem por isso deixaram de brilhar e iluminar muitas outras pessoas. Cada um tem o seu tempo, seus desafios e sonhos, o que torna cada pessoa especial e única.
Hoje não tenho minha tão sonhada faixa preta, mas tenho minha filha que é tudo pra mim e que torna e tornará todas as minhas conquistas ainda mais belas e abençoadas por tê-la junto de mim sempre.
Jamais se decepcione por aquilo que não se realizou da forma que você imaginou, lembre-se, os planos DELE são tão perfeitos que não podemos imaginar, apenas sentir. Cada um possui a sua hora de brilhar, então aproveite cada momento da maneira mais leve e suave, não se cobre, faça tudo com amor e sua hora vai chegar.
Estamos apenas começando.
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